GRAZIELLES

Geralmente a criatividade está associada ao designer, ao poeta, aos artistas. Mas penso que qualquer um pode ser e viver a criatividade. Não tem muito mistério. Criatividade se alimenta de referências e pronto! Ela precisa devorar estímulos visuais, sonoros, poéticos, políticos, sociais e de toda sorte. E sem preconceito. Trabalhar com criatividade implica em ter uma fome incessante por enxergar sons, degustar palavras, respirar cores, e por aí vai… Essas referências todas norteiam o trabalho criativo, ainda que não estejam diretamente ligadas a ele.

No meu caso, para criar uma peça gráfica posso me inspirar em uma música que ouvi na feira hippie da Afonso Pena, por exemplo. Escrever um texto pode ter como guia um passeio que fiz pelo Mercado Central e uma exposição que visitei logo em seguida. Por isso tenho buscado me abastecer de arte, de cultura e de vida. Desde que comecei a pós-graduação em Processos Criativos isto é latente e tem se tornado cada vez mais rotineiro. Entre minhas referências – na contramão dos vídeos on-line – encontrei um canal de TV que está sempre ligado quando trabalho em casa. Chama-se Curta.

Hoje na série “Design Gráfico no Brasil”, que passa neste canal, enquanto grandes profissionais da área falavam sobre o mercado editorial percebi no discurso de todos essa ideia: O designer não deve procurar referência só no design, mas lá fora, no mundo. Isso serve para o músico, para o escritor, para o ator, para o artista em geral e para qualquer um que quiser exercitar a criativadade em qualquer área.

Temos tantas referências, tantas informações, tanto conhecimento, tantas fórmulas prontas disponíveis na internet, que acredito que ser criativo mesmo é conseguir desligar disso tudo e sentir sem julgamento. Sentir a alma das coisas. Então, respondendo à pergunta que deu origem ao texto, acredito que a criatividade vive disso: do sentimento da vida e do mundo em sua essência. Não há mistério e está à disposição de todos.